21 de nov. de 2012

Testemunhas de defesa serão ouvidas no 3º dia do júri do caso Eliza

Sessão terá início com parecer sobre pedido para dispensa de testemunhas.

Segundo promotor, ao menos cinco delas foram flagradas com celular.


Do G1 MG

20.nov.2012 - Bruno e Macarrão acompanham os depoimentos das testemunhas de acusação, neste segundo dia do júri popular (Foto: Vagner Antonio/Tribunal de Justiça de Minas Gerais)


No terceiro dia do julgamento do caso Eliza Samudio, a previsão é que testemunhas de defesa sejam ouvidas no Tribunal do Júri de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A sessão deve ser iniciada às 9h desta quarta-feira (21), com a decisão sobre o pedido da acusação para que ao menos cinco testemunhas sejam dispensadas, sob alegação de “quebra de incomunicabilidade”. Segundo o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, estas pessoas foram flagradas usando telefone celular.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), primeiramente, serão ouvidos os advogados dos réus, depois a promotoria e, por fim, será dado o parecer da juíza Marixa Fabiane Lopes sobre o pedido. Ainda segundo a Justiça, como há esta pendência em relação às testemunhas, não está decida a ordem dos depoimentos em defesa do goleiro Bruno Fernandes, de Luiz Henrique Romão – o Macarrão – e de Fernanda Gomes de Castros.

A previsão inicial era que 25 testemunhas de defesa fossem ouvidas no julgamento. Com o desmembramento do júri de Dayanne Rodrigues de Souza e de Marcos Aparecido dos Santos, este número caiu para 15 – cinco de cada réu. As oitivas da acusação foram concluídas nesta terça-feira (20). Conforme o TJMG, quatro testemunhas foram ouvidas em plenário, e uma, por carta precatória.

Segundo dia
Na segunda sessão do júri popular do caso Eliza Samudio, realizada nesta terça-feira (20) no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, o goleiro Bruno Fernandes destituiu o responsável por sua defesa, Rui Pimenta. Ele tentou afastar também o outro defensor, Francisco Simim, mas o pedido foi negado pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que viu manobra para adiar o julgamento. Tiago Lenoir foi apresentado como novo advogado da equipe de defesa, que será conduzida por Simim.

O pedido de Bruno resultou na saída da ré Dayanne, ex-mulher do goleiro, do júri popular. Ela responde à ação em liberdade e terá mais tempo para ser defendida por outro advogado, em julgamento com data ainda não marcada, possivelmente junto com Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que também conseguiu o desmembramento do júri. A partir de agora, o júri conta com apenas três réus.

Ao longo do dia, foram ouvidos depoimentos de três pessoas: João Batista, citado no depoimento de Cleiton Gonçalves, ex-motorista de Bruno; Ana Maria Santos, delegada que falou sobre o depoimento de Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno Fernandes; e Jaílson Alves de Oliveira; detento que disse ter ouvido na cadeia a confissão de Bola sobre a morte de Eliza.

Bruno e os demais réus enfrentam júri popular por cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, em crime ocorrido em 2010. A previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas.

'Cinzas de Eliza às águas'
O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado pela acusação como testemunha, disse ao júri nesta terça-feira (20), segundo dia de julgamento do caso Eliza Samúdio, que ouviu "várias vezes" Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, dizer que jogou "as cinzas de Eliza às águas". Ele disse ainda que, ao perguntar o que Bola faria se o corpo da vítima fosse encontrado, o réu respondeu "só se os peixes falarem".
 
Em depoimento prestado à polícia, lido na íntegra durante a sessão, Oliveira diz ter ouvido a confissão de Bola sobre o crime. A testemunha disse ter sido ameaçada por um policial para retirar seu depoimento. "Sei de toda sua família", teria sido a ameaça. O detento afirmou para a juíza que está preso na Penitenciária Nelson Hungria, recolhido na enfermaria por medida de segurança. "Disseram que sou cagueta. Corro risco de vida".
ilustração testemunha 300 (Foto: Leo Aragão/G1)
Testemunha de acusação, Jaílson conversa com a
juíza durante o depoimento (Foto: Leo Aragão/G1)

Os réus Bruno Fernandes e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, estão presos na Penitenciária Nelson Hungria em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Bola está no Presídio Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, também na Grande Belo Horizonte.

Jaílson Alves de Oliveira disse que ouviu Bola contar que não jogou a mão de Eliza para os cachorros e que não fez nada na casa dele, e sim em um terreno. Ele afirmou ainda que Bruno teria armado um plano caso fosse condenado, dizendo que estava doente para ser resgatado a caminho do presídio.

A testemunha também afirmou que Cleiton Gonçalves não era motorista de Bruno, embora dirigisse veículos do goleiro. De acordo com a testemunha, Gonçalvesvendia drogas para Macarrão, apontado como chefe do tráfico em Ribeirão das Neves. "Eu já conhecia o Macarrão, o Cleiton e a mãe do Cleiton".

Por duas vezes, Jaílson Alves de Oliveira arrancou risos do plenário. Primeiro, questionado pelo novo advogado de Bruno de por que era representado por um ex-defensor do goleiro, respondeu: "eu sou cliente dele. Você não defende o seu?". Depois, ao explicar o apelido de Miyagi. "É por causa daquele lutador de caratê", disse à magistrada.

'Amarrada e chutada'
A primeira testemunha a ser ouvida pelo júri popular em Contagem foi João Batista, citado no depoimento de Cleiton Gonçalves, ex-motorista de Bruno. Batista disse que Gonçalves estava "com as mãos livres, sem algemas, bem à vontade" quando prestou depoimento para a polícia e que, perguntado se estava bêbado ou lúcido, respondeu "lúcido". Ele disse ainda que o ex-motorista do jogador não aparentava nenhum temor.

Na segunda-feira, Cleiton Gonçalves disse que prestou depoimento à polícia sob pressão. Em sua fala, o ex-motorista afirmou ter ouvido o primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, dizer que Eliza "já era". Ele ficou retido desde ontem para uma possível acareação com Batista, mas a juíza julgou o encontro desnecessário e dispensou as duas testemunhas.

Depois disso, a delegada Ana Maria Santos prestou esclarecimentos e deu detalhes sobre o depoimento dado à polícia por Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro Bruno Fernandes, em 2010. Segundo ela, Rosa disse que Eliza Samudio foi amarrada e chutada antes de ser morta.


"Deu uma gravata e, durante o tempo em que era apertada, apertada, ela foi perdendo fôlego, foi virando os olhos, a língua dela foi indo para fora, saiu espuma da boca dela e ela caiu ao chão e, depois de poucos movimentos, ficou lá, morta", disse a delegada, referindo-se ao depoimento do primo de Bruno.

Rosa, que era adolescente à época dos fatos, disse à polícia que o homem que matou Eliza tinha o apelido de Neném, também conhecido como Bola, que era grisalho e apresentava um problema no dente. Ele disse ainda que Eliza dormiu trancada em um quarto quando estava sob cárcere privado no Rio de Janeiro e que o filho da ex-amante de Bruno foi mantido com a ex-namorada do goleiro, Fernanda Gomes de Castro, também ré no processo.

Questionada pelo promotor Henry Castro, a delegada afirmou que o depoimento do primo do goleiro dado à polícia transmitiu confiança. "Sem dúvida nenhuma, pela riqueza de detalhes, pelo modo como ele fez aquela narrativa". Atualmente, Jorge Luiz Rosa está inserido no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, de acordo com o Ministério Público.

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Ex-mulher de Bruno deixa júri
O goleiro Bruno Fernandes de Souza pediu a destituição de seus advogados Rui Pimenta e Francisco Simim durante o segundo dia de julgamento. Logo ao início da sessão, o jogador afirmou que não se sentia seguro para continuar com Rui Pimenta e pediu tempo para achar outro advogado. A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, no entanto, lembrou que ele ainda possuía outro defensor, Francisco Simim.

Depois de alguns minutos, o goleiro pediu a palavra novamente e disse à juíza que estava destituindo também Simim, que representa a sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues, ré na ação. A magistrada entendeu que o goleiro pretendia adiar seu julgamento e negou a solicitação, mas Bruno negou esse objetivo e alegou que não queria prejudicar a defesa de Dayanne.

O promotor do caso pediu para que Dayanne, que responde à ação em liberdade, tivesse mais tempo para ser defendida por outro advogado. Bruno, réu preso, tem preferência de julgamento. A juíza seguiu este entendimento e determinou que Dayanne seja julgada em outra data, possivelmente junto com Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que conseguiu o desmembramento do júri.

Rui Pimenta, destituído da defesa por Bruno, disse que foi "pego de surpresa" com a decisão do cliente. "O Bruno agradeceu o trabalho feito, mas disse que queria mudar de estratégia", explicou o advogado, que diz torcer para que ele seja absolvido. "Faço votos que isso [a destituição] seja bom para ele".


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