21 de nov. de 2012

Novo advogado assume defesa do goleiro Bruno durante júri popular

Informação da nomeação de Tiago Lenoir foi confirmada pelo promotor.
Rui Pimenta foi destituído da defesa do jogador na manhã desta terça.

Rosanne D'Agostino
Do G1, em Contagem (MG)
 
Novo advogado do goleiro Bruno, Tiago Lenoir fala na saída do Fórum (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)


O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro confirmou ao G1, na sala do Tribunal do Júri de Contagem, em Minas Gerais, que o goleiro Bruno Fernandes já apresentou um novo advogado, Tiago Lenoir. O goleiro destituiu o advogado Rui Pimenta durante a manhã desta terça-feira (20). A defesa está sendo conduzida por Francisco Simim.

Lenoir é advogado da Federação Mineira de Futebol. Ele confirmou que o advogado Simim continua na defesa do goleiro e que não deve haver nova destituição. No início da sessão desta terça-feira, Bruno pediu também a destituição de Simim, que foi negada pela juíza Marixa Fabiane, que preside o júri. Pimenta já havia deixado o julgamento.

O novo defensor prevê seguir o trabalho realizado até agora pelo atual advogado de Bruno. "A gente está preparado para fazer uma boa defesa para ele", afirmou Lenoir. O advogado disse conhecer o processo e que estava "prevendo" a sua nomeação. "Eu trabalho com ele [Simim] já há bastante tempo", ressaltou. "Minha entrada no caso não é inovação na defesa, estou apenas reforçando."

O novo advogado já comentava o caso em seu perfil no Twitter desde segunda-feira (19). "A defesa do Bola deu um tiro no pé com este desmembramento, pois o réu [Bruno] será julgado com os outros dois que possuem provas fracas", escreveu ele, comentando o julgamento.

O advogado Rui Pimenta, que foi destituído pelo próprio atleta, disse que foi "pego de surpresa" com a decisão do cliente. Ele, junto com o Simim, faziam a defesa do goleiro no júri popular pelo desaparecimento e morte e Eliza Samúdio.

"O Bruno agradeceu o trabalho feito, mas disse que queria mudar de estratégia", explicou o advogado, que disse ainda que o goleiro não apresentou a justificativa da decisão. “Eu não perguntei por quê [houve a destituição da defesa]", explicou.

"Ele disse que queria que eu continuasse com um habeas corpus para ele", afirmou Pimenta, se referindo ao pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF), para que Bruno respondesse ao processo em liberdade.

No dia 1º de outubro de 2012, o ministro Joaquim Barbosa negou, liminarmente, o pedido de soltura. O mérito ainda não foi julgado.

O advogado Pimenta ainda disse que torce para que Bruno seja absolvido. "Faço votos que isso [a destituição] seja bom para ele", disse.

Tentativa de adiamento
O pedido de destituição realizado por Bruno foi visto pela juíza Marixa Fabiane, que preside o júri, como uma tentativa de adiar o julgamento. Ela negou a destituição de Simim e adiou o julgamento para a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues, que era defendida pelo mesmo advogado. A magistrada afirmou que o pedido de destituição de Simim estava sendo feito "claramente com vistas ao desmembramento do julgamento".

Dayanne será julgada em outra data, possivelmente junto com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor de Eliza. Ele foi o primeiro a ter o julgamento desmembrado, nesta segunda, depois que sua equipe de advogados deixou o plenário.

O advogado José Arteiro Cavalcante Lima, que defende a família de Eliza Samudio, afirmou que a destituição de Rui Pimenta da defesa de Bruno nesta terça-feira (20) vai favorecer a acusação. “Para gente é maravilhoso, eu acho que o Bruno vai ficar seriamente prejudicado”, disse.

O advogado ainda acredita que outras pessoas tiveram influência na atitude do atleta, porém não citou nomes. “Foi uma manobra, tem alguém por trás”, afirmou Arteiro. Ele ainda citou que o depoimento de Cleiton Gonçalves, nesta segunda-feira (19), também pode ter influenciado na decisão de destituir a defesa. “Ele achou que o Cleiton teria que defendê-lo, e o Cleiton arrasou com ele ontem”, avaliou o advogado.

Multa
A juíza já havia determinado multa aos aos advogados do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, nesta terça-feira (20). Eles haviam deixado o júri iniciado na segunda-feira (19), atitude que foi considerada "injustificada" pela magistrada.


A multa é de R$ 18.660 para cada um dos defensores, o equivalente a 30 salários mínimos. Somados, eles terão que pagar R$ 55.980 em até 20 dias, de acordo com a decisão da juíza. Os advogados de Bola são três: Ércio Quaresma, Zanone de Oliveira Júnior e Fernando Magalhães.

Os responsáveis pela defesa do ex-policial Bola haviam deixado o júri por discordarem do limite de 20 minutos estipulado pela juíza Marixa para cada defesa apresentar seus argumentos preliminares. "A defesa não vai continuar nos trabalhos, nós não vamos nos subjugar à aberração jurídica de impor limites onde não há", disse Quaresma.

O abandono ocorreu "sem haver razão juridicamente relevante", segundo a juíza. "Esse tipo de conduta causa grande prejuízo ao estado e à sociedade que implica em gasto de dinheiro público", afirmou ela, durante o julgamento.

O fato será comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que deve avaliar a conduta dos defensores, ainda de acordo com a magistrada.

O segundo dia de julgamento deve prosseguir com os depoimentos das testemunhas de acusação. Na segunda-feira (19), o ex-motorista do goleiro Bruno, Cleiton Gonçalves, foi ouvido no júri. Além do goleiro, outros dois réus - incluindo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão - estão sendo julgados por cárcere privado e pela morte de Eliza.

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