Arquiteto de 104 anos morreu nesta quarta-feira; velório será no Planalto.
Enterro está marcado para sexta (7), no Cemitério São João Batista, no RJ.
Janaína Carvalho
Do G1 Rio
Amigos e familiares de Oscar Niemeyer realizam uma missa em homenagem
ao arquiteto na manhã desta quinta-feira (6) no Hospital Samaritano, em
Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Niemeyer morreu nesta quarta (5), aos 104 anos.
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A esposa de Niemeyer, Vera Lúcia, chega ao hospital nesta quinta (Foto: Luiz Roberto Lima / Futura Press / Estadão Conteúdo) |
A neta do arquiteto Ana Lucia Niemeyer afirmou que, após a cerimônia, o
corpo será levado para o Aeroporto Santos Dumont, no Centro, para
embarcar em um voo fretado rumo a Brasília, onde
será velado no Palácio do Planalto.
A missa é celebrada pelo padre Omar Raposo, que chegou por volta de
8h30 ao hospital. Segundo a assessoria da imprensa do Samaritano, o
corpo está previsto para ser levado para o aeroporto entre 10h e 11h.
A neta afirmou que o arquiteto deixa uma representação física e ideológica, que a Fundação Niemeyer vai tentar manter.
"Mais que a arquitetura, é o trabalho que ele fez pela democracia, o
trabalho social. Acho isso tão importante quanto a obra", diz a neta,
ressaltando que até o fim o avô pensava no trabalho. "Era tudo para
ele."
Para o também arquiteto Paulo Niemeyer, o bisavô deixa uma enorme lacuna, tanto na vida pessoal, quanto na profissional.
"Tudo que sei devo a ele. Meu avô ajudou a projetar o Brasil. Costumava
dizer que para militares ele era mais importante que o Pelé", disse o
bisneto, que disse pretender dar continuidade aos projetos que vinha
desenvolvendo ao lado do bisavô.
Enterro no Rio
O arquiteto, que completaria 105 anos no próximo dia 15,
morreu às 21h55 desta quarta,
em decorrência de infecção respiratória. Ele estava internado no
Samaritano havia pouco mais de um mês. Após a morte, o corpo foi levado
para ser embalsamado na Santa Casa de Misericórdia de Inhaúma, no
subúrbio, de onde saiu por volta de 7h desta quinta, de volta ao
hospital.
Ainda nesta quinta, segundo o prefeito Eduardo Paes, o corpo retorna ao
Rio, à noite, onde ficará no Palácio da Cidade. O enterro está marcado
para sexta-feira (7), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no
Rio. A família ainda não divulgou o horário da cerimônia.
Horas após a confirmação da morte de Niemeyer, o prefeito foi ao
hospital para cumprimentar os parentes do arquiteto. Paes disse que o
último encontro com Niemeyer aconteceu há três meses.
“Perdemos um grande brasileiro. Ele acreditou até o fim nos seus ideais.
Jantei com ele há três meses e ele só falava de futuro”, disse.
Luto oficial
Paes decretou luto oficial de três dias, no Rio de Janeiro, após a
morte de Oscar Niemeyer. Em nota enviada, na noite desta quarta-feira
(5), ele lembrou as principais obras do aquiteto na cidade.
"Um dos maiores gênios que o Brasil deu ao mundo, Oscar Niemeyer foi
mais do que um arquiteto brilhante e inovador que desafiou a lógica e
contorceu as formas para criar verdadeiras obras de arte. Ele construiu
marcos e deixou a sua marca na paisagem e na história de nosso país.
Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial - Niemeyer
deu à Cidade Maravilhosa o templo da folia, onde a maior de todas as
festas acontece", diz a nota.
"Como prefeito do Rio, apaixonado por Carnaval e admirador do trabalho
de Niemeyer, sinto-me honrado por a cidade ter concluído o projeto
original do Sambódromo e, com isso, ter podido realizar o que o próprio
mestre chamou de um sonho antigo. O Brasil e o mundo perderam hoje um
homem que dedicou toda a sua vida a produzir beleza. Mas o que ele criou
ficará entre nós como a lembrança de um grande carioca que fez a
diferença", concluiu o prefeito em seu comunicado.
Novos projetos
O médico Fernando Gjorup disse, na noite desta quarta-feira (5), que
Oscar Niemeyer conversou com a equipe médica sobre a vontade de realizar
novos projetos, mesmo aos 104 anos.
Segundo Gjorup, o arquiteto só perdeu a consciência, pela manhã, após
ser sedado. O médico, que cuidou dele por 15 anos, revela que Niemeyer
pouco falava sobre a saúde.
“Antes dessa internação, ele chegou a conversar com a equipe sobre
novos projetos. Ele não gostava de falar sobre a saúde dele, mas sabia
que já tinha passado da metade da vida. Ele nunca falou sobre morte, só
falava em viver.A equipe médica tinha esperança, mas havia a
fragilidade de um senhor de 104 anos”, disse Gjorup, que cuidou do
arquiteto nos últimos 15 anos.
Segundo a equipe médica, o arquiteto apresentou piora progressiva nos
últimos dois dias. Cerca de 10 parentes estavam na Unidade Coronariana
do hospital, quando Niemeyer morreu.
O arquiteto era submetido à hemodiálise e seu estado imunológico já era deficiente.
Histórico de internações
O arquiteto foi internado várias vezes ao longo dos últimos anos. A
última foi em 2 de novembro, quando voltou ao Samaritano, seis dias
depois de ter recebido alta. Desta vez, Niemeyer foi submetido a
tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.
No dia 13 de outubro, o arquiteto deu entrada no Hospital Samaritano
após sentir-se mal, apresentando um quadro de desidratação. Ele ficou
internado por duas semanas.
Em maio, Niemeyer também esteve internado no mesmo hospital, quando deu
entrada com desidratação e pneumonia. Depois de 16 dias, com passagem
pela UTI, recebeu alta.
Em abril de 2011, o arquiteto ficou internado por 12 dias por causa de
uma infecção urinária. Também já foi submetido a cirurgias para a
retirada da vesícula e de um tumor no intestino.
Em 2010, Niemeyer também foi internado em abril, devido a uma infecção urinária.
Em 2009, o arquiteto ficou internado por 24 dias no Samaritano, entre
setembro e outubro, após dores abdominais. Ele chegou a passar por uma
cirurgia para retirar um tumor no intestino grosso, uma semana depois de
ter sido operado para a retirada de um cálculo na vesícula.
Em junho do mesmo ano, o arquiteto foi internado no hospital
Cardiotrauma de Ipanema, também na Zona Sul, queixando-se de dores
lombares. Ele passou por uma bateria de exames e recebeu alta médica
algumas horas depois.
Na ocasião, exames de sangue e uma tomografia
indicaram que Niemeyer estava apenas com uma lombalgia.
Em 2006, o arquiteto chegou a ficar 11 dias internado, após sofrer uma queda e passar por uma cirurgia.
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